Em Fevereiro, o pavilhão do Instituto de Fomento de Turismo Angola (Infotour) na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) recebeu a visita do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, indefectível embaixador do MPLA em todos os mares, tenham ou não sido antes navegados, existam ou não.
Acompanhado pela embaixadora de Angola em Portugal, Maria de Jesus Ferreira, o estadista português recebeu do director-geral do Infotur, Afonso Vita, informações sobre o turismo em Angola, tendo este aproveitado para degustar alguns quitutes oferecidos aos visitantes.
Na oitava posição de uma lista de 24, Angola é um dos destinos mais atractivos que a CNN Travel, uma divisão publicitária que vende tudo a quem pagar mais, apresenta o reino do MPLA como ideal para o turismo, do golfe aos luxuosos hotéis, garantindo que as lixeiras e o povo a passar fome nunca serão vistos pelos turistas.
No texto, publicitário e baseado numa análise que se fundamenta em variantes de beleza naturais e que, por isso, não inclui o país real, com pessoas (20 milhões das quais pobres) o texto publicitário “made in MPLA”, aconselha os turistas a olharem para lugares que ainda são, em grande parte, desconhecidos, ou frequentemente esquecidos em detrimento de destinos habituais. “Talvez seja hora de ir a lugares que facilitam a visita dos turistas e que prestam muita atenção ao incentivo ao turismo sustentável”, lê-se no texto.
A lista é liderada pela região de Sumba, na Indonésia, mas Angola aparece à frente de destinos como Marrocos, o outro africano na selecta escolha, de Singapura, Florida, Texas, Espanha, Panamá, Austrália e Grécia.
Nesse artigo, Angola é ilustrada com uma foto do monumento Cristo Rei, ao cimo da cordilheira da Chela, na cidade do Lubango, onde descreve o país como uma “nação da África Austral que está a esforçar-se para entrar no cenário do turismo, tendo recentemente introduzido um visto electrónico de turismo de aprovação rápida”.
Assinala ainda que embora as principais infra-estruturas turísticas ainda não estejam todas prontas, é uma oportunidade de explorar um país que ainda está fora do radar das viagens.
Descreve Luanda como a capital com a “reputação” de ser uma cidade cara e festiva, “mas nos espaços abertos, Angola tem paisagens espectaculares e delícias culturais de cair o queixo”, apontando o Lubango como “segunda cidade” do país que oferece uma arquitectura colonial portuguesa, uma “impressionante” estátua do Cristo Rei, em estilo carioca, no topo de uma colina e acesso à Fenda da Tundavala, um mergulho vertiginoso de planaltos “frescos em planícies poeirentas e cintilantes”.
Outros destinos angolanos que o texto de propaganda sugere, em Angola, são as Quedas de Calandula, com 396 metros de largura e ao que chama de “paraísos do surf” na costa atlântica, como Barra do Kwanza e o Cabo Ledo.
Eis a lista: 1º Sumba, Indonésia, 2º Costa turca do Mar Negro, na Turquia, 3º Tartu, Estónia, 4º Tainan, Taiwan, 5º Noroeste de Michigan, EUA, 6º Ciclovia Trans Dinarica, Bósnia e Herzegovina, 7º Culebra, Porto Rico, 8º Angola, 9º Saint John, Nova Brunswick, Canadá, 10º Coreia do Sul, 11º Albânia, 12º Chile, 13º Abrolhos Islands, Western Austrália, 14º Macedónia, Grécia, 15º Panamá, 16º Galiza, Espanha, 17º Singapura, 18º Mérida, México, 19º Marrocos, 20º Florida, 21º Texas Hill Country, 22º, Fujairah, Emirados Árabes Unidos, 23º Gronelândia e 24º Uzbequistão.
O Executivo do MPLA (há 49 anos no Poder) reafirma o compromisso com a “indústria turística” a julgar pela sua capacidade de fomentar a prosperidade e impulsionar o desenvolvimento sustentável e inclusivo. A comédia continua com novas e velhas… tacadas.
Na altura em que era ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, perspectivava os benefícios de “todos os intervenientes deste amplo e diversificado sector, que vão desde as grandes empresas, incluindo as multinacionais do sector aéreo, até às mais pequenas agremiações, constituídas por pequenas empresas familiares”.
Jomo Fortunato referia que o turismo internacional verificou um abrandamento ao nível das chegadas de 2008 a 2009, provocado pela crise económica e financeira internacional.
“Desde esta altura, o seu crescimento vinha sendo contínuo até 2019, ano em que foram registadas 1,5 mil milhões de chegadas de turistas pelo mundo inteiro, um crescimento na ordem dos 4% relativamente a 2018”, indicou o então ministro.
Vejamos, a propósito do Dia Mundial do Turismo, uma das muitas emblemáticas narrativas da Angop, a agência de propaganda do MPLA: “Com uma tacada rente ao relvado, o Presidente da República, João Lourenço, abriu o torneio internacional de Golfe que se disputou no Campo dos Mangais, Barra do Kwanza”.
Na verdade, nada escapou ao assalariado do MPLA ao serviço da Angop. Atentemos: “Segurando o taco com as duas mãos, o Chefe de Estado bateu na bola meio em força que percorreu o espaço em direcção ao buraco -1, abrindo o evento ímpar no país, enquadrado no “Fórum Mundial do Turismo”.
Já agora, continuemos com o texto integral da Angop: “A prova conta com a participação de mais de 50 atletas em representação dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Reino Unido, Japão e Turquia.
Além da componente desportiva, Angola busca, com o “Presidential Golf Day”, a interacção entre homens de negócios visando parcerias no âmbito do programa do Executivo de diversificação da economia nacional.
Após a abertura da competição, João Lourenço, acompanhado da primeira-dama, Ana Dias Lourenço, da Ministra da Juventude e Desportos, Ana Paula do Sacramento Neto, e do Turismo, Ângela Bragança, inaugurou a escola de equitação do clube Mangais”.
Em 2019, o presidente do Fórum Mundial do Turismo, Bulut Bagci, afirmou: “Que grande, enorme, maravilhoso é este país” e, sem hesitar, anunciou que o Fórum Mundial do Turismo iria investir nos próximos anos 1.000 milhões de dólares (870 milhões de euros) para apoiar o desenvolvimento do sector turístico em Angola. Depois de tanto esforço, foi comer qualquer coisa frugal: trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírio de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, e uma garrafa de Château-Grillet 2005.
Ali bem perto estavam alguns dos 20 milhões de angolanos pobres que subsistem quando encontram nas lixeiras peixe podre e fuba podre. Mas esses não contam. São apenas uma espécie menor de angolanos…
O anúncio de Bulut Bagci foi feito à imprensa no final do “Breakfast Meeting”, alusivo ao “Presidential Golf Day – Angola 2019”, evento que antecedeu a realização do Fórum Mundial de Turismo, que Luanda acolheu em Maio de 2019.
“Ao longo dos próximos anos, o Fórum Mundial do Turismo vai investir 1.000 milhões de dólares no sector do Turismo em Angola, cujo destino será definido durante os trabalhos do Fórum a realizar em Angola”, afirmou Bulut Bagci, acrescentando (depois de um discreto arroto a caviar) que, nas reuniões que manteve com as autoridades do MPLA (o dono do país), ficou decidido que o investimento iria obedecer ao Plano de Desenvolvimento do Turismo Nacional, integrado, por sua vez, no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2918/22.
O presidente do Fórum Mundial de Turismo esteve em Luanda em Fevereiro (2019), e foi recebido, na ocasião, pelo chefe de Estado, João Lourenço, bem como pelo Presidente do MPLA (João Lourenço) e pelo Titular do Poder Executivo (João Lourenço), tendo considerado que Angola tem grandes potencialidades no sector do Turismo e indicado que a realização do fórum na capital ira trazer oportunidades de investimento para os sectores da construção, transportes e na criação de empregos.
Por outro lado, Bulut Bagci assinou com a então ministra do Turismo, Ângela Bragança, um protocolo de cooperação destinado a atrair investimento e impulsionar o turismo nacional.
Na ocasião, Ângela Bragança disse tratar-se de um acordo de parceria com a organização que detém a marca, onde estão definidas as responsabilidades do Fórum Mundial de Turismo e do ministério que tutela.
Segundo a ministra, o evento, em que estimava a presença de 1.500 delegados, “envolve uma máquina organizativa e logística forte”, pelo que os responsáveis do sector em Angola estavam a desenvolver o trabalho necessário para mostrar o potencial turístico do país.
O “Presidential Golf Day” é uma iniciativa mobilizadora que presta um tributo aos esforços para atrair investimentos multi-sectoriais para a economia e promover oportunidades de negócios, com particular realce a dinamização do turismo.
A então ministra considerou que o “Presidential Golf Day – Angola 2019” e o fórum apresentavam-se como uma “excelente oportunidade” para fechar negócios e conhecer melhor o potencial turístico de Angola.
Segundo Ângela Bragança, o sector estava já a gerar sinergias com outras áreas da esfera económica, dado a transversalidade que apresenta, pois, com a prática do golfe, podem-se unir-se várias valências, “como turismo, desporto, saúde, ambiente saudável, parceria e negócio, amizade e desenvolvimento”.
Ângela Bragança disse que, com o evento, que terá um carácter anual, “abre-se uma oportunidade para o turismo do golfe como um nicho do mercado bastante promissor”.
“O golfista tem como característica o desejo de viajar e, neste ponto, Angola apresenta vantagens pela diversidade de clima, paisagens, topografia e belezas naturais”, sublinhou.